O artigo estava interessantíssimo, estou estudando sobre função paterna na contemporaneidade e os desdobramentos (se der tempo) na constituição dos sujeitos.
Eis que encontro uma citação de Lacan:
"O sujeito não é mais nada ao não ser o lugar de uma sucessão de sensações de desejos e de imagens".
Posso dizer que a verdade nua e crua estava ali, o verdadeiro Lacan que reconheci sem conhecê-lo. Mas um pouco mais abaixo no mesmo texto eis que me deparo com uma humanidade ímpar. Caso eu não soubesse de quem se tratava os dizeres, diria eu que provavelmente era de algum santo, ou doutor da Igreja:
"Assim para Lacan compreender é buscar nos doentes um sentido humano..."
Não continuerei porque depois disso quebra-se a epifania.
O importante é que enquanto psicologia (estudo da Psiché = Mente) Lacan procura a todo momento encontrar (e o encontra) algo que seja real, livre das ilusões e que permita que possa ser definido como humano mesmo diante das pessoas mentalmente doentes. Claro que enquanto sujeito está nítido que Lacan diz sobre o sujeito do inconsciente, mas afinal de contas, Freud já havia quebrado o tabu narcísico do pensamento de que o humano era dono de si mesmo.
A consciência enquanto aparelho psíquico (muito mais perceptual do que psíquico) é somente uma fração do que poderíamos objetivar como humano. O que podemos encontrar então que nos diz respeito tanto diante dos "doentes mentais" quanto diante dos "sãos" é simplesmente a liguagem. Esta segue sempre um caminho objetivo, o outro.
Tratar psicologicamente então o humano é em outras palavras dar a voz ao que quer, ao que deseja falar. No entanto, fica o alerta de que isso não é necessariamente o processo analítico. Como o processo analítico, entendo eu que é algo diferente, é dar voz ao outro que fala, o outro que é inconsciente mas que sempre se manifesta quer eu (como consciência) queira ou não.
No trabalho com psicóticos vemos a manifestação do outro muito mais articulado e real do que quanto há o trabalho com os neuróticos. É exatamente neste ponto de estrutura da linguagem que pode-se fazer um trabalho psicanalítico pois o que é inconsciente se revela pela linguagem, e este denuncia quem eu sou (enquanto desejo) para mim (enquanto consciência)
Porque não quero, não posso, ser eu?
Simples, porque EU não sou, não existo, e isto meus caros leitores é o que revela paulatinamente o nosso incosciente destuindo todo e qualquer vestígio de narcisismo. Nós somos apenas este conjunto de "conjunto de sensações, desejos e imagens" que por acaso está encarnado.
Legal né?
1 comentários:
Lembra-me a pergunta do Forbes, nome do seu livro (ótimo, inclusive)
Você quer o que deseja?
Porque o sujeito do inconsciente é o que há.
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