Continuando a discussão sobre um recorte do texto do Jorge Forbes.
Não há desejo se aquilo que quero é algo ao qual não possuo. Ao menos não o possuo em tese, imaginariamente ainda busco algo que penso eu que não tenho. Este como diz alguns teólogos é o segredo da santidade, da felicidade. Não é o possuir, mas estar sempre em busca do que desejo, o próprio possuir não importa tanto qaunto o caminho que é percorrido.
Percorrer um caminho e chegar lá, obtendo assim o que eu desejei acaba por se tornar um pesadelo. No mínimo um sentimento de que não era bem aquilo que eu queria, ou ainda, nos vem a cabeça a famosa frase "mas é só isso?".
Se pensamos que o que nos impulsiona é realmente o desejo, seja ele o do sucesso, ou do destaque, enquanto estamos na posição de faltantes, de caminhantes temos outros ao nosso redor. Ao alcançarmos nossos objetivos parece-nos que a solidão nos assola, parece que somente eu consegui e aquilo começa a ter um peso surreal. Pensamentos do tipo "Eu não merecia", "tenho o que quero mas tantos nào tem nada", "será que vou conseguir manter isso", acabam surgindo como que quase imediatamente ao sucesso. Isso se o objetivo for realmente o sucesso, ou o destaque.
Manter uma posição, qualquer que seja ela, psicanalíticamente falando dá muito trabalho. Manter-se tanto como cuidador quanto como doente exige um esforço tremendo. Manter-se também na posição de "completo" é a mesma coisa, o esforço é tanto que sabiamente percebemos que não daremos conta por muito tempo.
O problema é como se destacar, ter sucesso e ainda sim permanecer bem consigo mesmo. Não seria um problema se almejássemos em vez de algo, ou de manter uma posição frente ao mundo, frente aos outros e a si mesmo, apenas almejássemos ser.
O ser diferente, com sucesso, santo, ou ainda o ser único, não são propriamente atingíveis e também não são inatingíveis. São objetivos para toda uma vida na qual em vez de um objeto de fim, temos em vista muito mais uma forma de se comportar, de viver, um caminho a seguir.
Mais simplesmente falando, o ser alguém bom, ou um bom filho, um bom pai, uma boa mãe, um amigo confiável. Tudo isso envolve uma caminhada, um processo que nem sempre pode ser entendido como algo que eu posso me outorgar como alguém que é assim ou não. São os outros que irão me dizer e me incentivar, ou me seguir. Saio então de meu mundinho e passo a ter relações em um outro nível comigo mesmo e com os outros, com a vida. Passo a ter sucesso com um bom dia, ser feliz com um sorriso ou ainda ser destaque em uma ligação para um amigo que há muito tempo não vejo.
Pena que não é tão faicl assim, mas que vale a pena vale.
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