E na correria do dia a dia, deixo a vocês um pouquinho de poesia em forma de prosa, espero que gostem tanto quanto eu. Abraços
ANTES QUE SE ROMPA O FIO - RUBEM ALVES - PUBLICADO NA REVISTA PSIQUE Nº 62.
"O telefone chamou e deu a notícia: você ficará diferente de todos nós. Nós, que continuamos automáticos e seguros a andar pela planície, repetindo as mesmas rotinas do dia: o café da manhã, o jornal, o carro precisa ser lavado, o que vamos ter para o almoço?, a correspondência, a lamentação sobre a crise econômica, que faremos no próximo fim de semana? Mas de repente tudo isso cessou para você, pois você está pendurado sobre o abismo, preso por um tênue fio, contemplando a grande escuridão. E a alma se encheu de uma imensa tristeza ante a possibilidade de um adeus. Mas eu não quero lhe dizer adeus, pois a sua presença faz parte da nossa alegria,. E, no entanto, é isto que nós somos, sem que tenhamos coragem para dizê-lo: um adeus. É por isso que precisamos dos poetas. Pois eles são aqueles que tecem suas palavras em volta do frágil fio que nos amarra sobre o abismo. Eles sabem que em nossos corpos mora um adeus. De repente, sem nenhum anúncio."
"Muitos, muitos anos atrás, quando minha filha Raquel não tinha mais que três anos - eu ainda estava dormindo -, ela me acordou com uma pergunta que eu nunca ouvira, uma pergunta de tal densidade poético-metafísica que tive a impressão de ter ouvido uma voz vinda de séculos de sabedoria e não de uma menininha que começava a viver - é certo que coisa semelhante eu nunca ouviria da boca de um adulto : "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?".
"Ante o meu espanto sem palavras, ela acrescentou: "Mas não chore não. Eu vou te abraçar..." Ela entendera que a dor da morte não é a dor do medo. É a dor da suadade."
Fragmento do texto de Rubem Alves na edição nº62 da revista psiquê que insiste em chegar atarsada, sempre atrasada aqui em casa.
"Muitos, muitos anos atrás, quando minha filha Raquel não tinha mais que três anos - eu ainda estava dormindo -, ela me acordou com uma pergunta que eu nunca ouvira, uma pergunta de tal densidade poético-metafísica que tive a impressão de ter ouvido uma voz vinda de séculos de sabedoria e não de uma menininha que começava a viver - é certo que coisa semelhante eu nunca ouviria da boca de um adulto : "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?".
"Ante o meu espanto sem palavras, ela acrescentou: "Mas não chore não. Eu vou te abraçar..." Ela entendera que a dor da morte não é a dor do medo. É a dor da suadade."
Fragmento do texto de Rubem Alves na edição nº62 da revista psiquê que insiste em chegar atarsada, sempre atrasada aqui em casa.
3 comentários:
A dor da saudade é inexplicável,sei o que é isso.Sinto todos os dias de alguém que se foi.O que doí mais é ficar na incerteza se algum dia nos encontraremos,nada me garante isso.Beijos.
Me senti em casa aqui no seu espaço.
Fui aluna de Psicanálise e voltar às aulas é uma das minhas metas.
Simplesmente dou apaixonada por tudo que envolve a essência do homem.
Grande abraço e obrigada pela visita.
Cinthya
http://odivaadellas.blogspot.com
As crianças são poesias aos olhos dele... Encantadora prosa!
Beijo!
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