Angela Valore, uma conhecida psicanalista brasileira, traz o tema da drogadição contemporânea como a busca por uma forma de sofrer, uma tentativa de viver um sofrimento que muitas vezes o sujeito está impossibilitado devido aos cuidados excessivos dos familiares. Claro que não é tão simples assim o pensamento que ela traz em alguns artigos e em uma conferencia que eu pude assitir, mas em resumo seria basicamente, muito basicamente esta a idéia central.
Outras correntes teóricas trazem o uso abusivo de drogas como fuga de um sofrimento, de uma dor, à qual a pessoa não teve outras formas de encontrar alívio.
Há também alguns que creditam o uso ao simples fato de que algumas pessoas necessitam de um aditivo (daí o termo adição) para viver. Em meu humilde ponto de vista continua sendo uma fuga, uma tentativa de aliviar as sensações que a vida traz em forma de mal-estar.
Bom, Então teríamos dois aspectos em que a droga pode ser reconhecida como problema de fuga, ou visto como uma busca, encontro com o sofrimento.
Há um terceiro elemento que acredito ser o fundante de ambas as problemáticas levantadas. A identificação com um grupo, com um meio social, que é o primeiro passo qe a maioria dos adolescentes consegue dar em relação à sua diferenciação do grupo familiar.
A droga passa a ser um problema na medida em que torna-se uma forma (talvez a única encontrada) de diferenciar-se do grupo familiar e testar a lei simbólica resgitrada e as consequências dela no real.
Diante de uma sociedade em que temos uma queda dos valores familiares, um deslizamento tanto da função paterna quanto da função materna, e uma demora para que as consequências negativas realmente ocorram de fato, o sentimento de que a transgressão pode ser efetivada sem as devidas consequências, podem aumentar o uso de narcóticos e outras drogas.
A identificação grupal dos adolescentes pode ser expressada com o mito "os amigos são a família que a gente escolhe" muito dito aqui em londrina.
Em resumo, concordo com Valore, quando diz que a droga é uma forma de encontrar com o sofrimento, mas digo que é um sofrimento de um outro, de viver com um outro um sofrimento que talvez não fosse possível / permitido viver no lar, na família não escolhida.
Todas as tranngressões que eram vividos no imaginário em enquanto crianças, quando chegam à adolescência na sociedade contemporânea acabam sendo vividos no real. Os menores infratores encontraram uma forma de transgredir a lei e o pior de tudo é que com o descaso público e a inefetividade em relação à demora da punição, permitem aos adolescentes esperimentar e viver sua infância (princípio do prazer) por mais tempo, não tendo que arcar com as consequências (princípio de realidade) de seus atos.
Claro que a situação pode ser bem mais complexa que tudo isso, porém são estas coisas que pude encontrar no discurso dos adolescentes infratores que tive contato no Murialdo.
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