Para você que come caviar e sonha com miojo. Ou que sonha com caviar, mas não aguenta mais ouvir coisas como uma-incrível-técnica-que-um-bistrô-em-Paris usa para servir as ovas. Para você que tem preguiça de discutir a metafísica da abobrinha.
Esta história é para você:
Comida boa, todo mundo gosta. Mas o problema é que, para o gourmet, não basta comer: tem que contar.
"O gourmet nunca esquece o nome do morto. E enquanto o come, faz menção expressa a ele, seja javali ou alcachofra, e lembra de outros assassinatos e devorações anteriores, porque o prazer de comer deve vir acompanhado da memória de festins passados."
A descrição acima foi feita em 1990 pelo escritor espanhol Manuel Vásquez Montalbán (1930-2003), autor de "Contra los Gourmets" (sem tradução para o português).Ótimo se prazer e palavrório se complementam, o último prolongando o primeiro. Mas, de lá para cá, muitas trufas brancas rolaram, e o pessoal se esqueceu de que o verbo não substitui a carne (ou o peixe ou o frango)."Com a modernização da culinária e a hipervalorização da alta gastronomia, as pessoas estão ficando cada vez mais 'sofisticadas', mas cada vez mais chatas. Elas discutem o prato em vez de comer", diz André Barcinski, crítico da Folha e assumido "bom garfo"
Nota do blogueiro - Viva o brigadeiro de panela queimadinho no fundo, comido na panela, daqueles que a gente lambuza a mão quando tenta raspar até a última colher do doce.
Sempre fui fã das coisas mais simples, difícil deixar de gostar deste meu gosto generoso com a vida.
Gosto de chuva, e quase sempre de sol.
Gosto do cheiro das flores e também do cheiro da terra.
Ah, terra molhada, só se compara com o cheiro do asfalto quando está começando a chover!
O aroma da grama sendo cortada, meu Deus! Que delícia.
Cheiro da maresia, do rio, do campo.
Gosto dos gostos mais simples.
Arroz com bife e pra encrementar e não ser muito rebinha, vez ou outra coloco um zóião (ovo frito pra quem não sabe)
Doces e mais doces, pra mim nada é tão doce quanto o mamão com açúcar, o gosto do abacaxi bem maduro cortado na hora, o abacate gelado com açúcar, aliás estou esquecendo do que sempre me salvou nas noites solitarias e sem brigadeiro, a famosa banana com canela e açucar derretida no microondas. A canela é opcional, artigo de luxo, quando tem visita em casa.
O sabor da goiabada daquelas cascão, ou ainda do doce de leite da minha sogra, que delícia!
O sabor da simplicidade da vida é algo que pude adquirir com o tempo, e a cada desgosto em minha história, parece que depois de um tempo as coisas mais simples acabam ratificando ainda mais o gosto gostoso de viver.
1 comentários:
Viva os slow foods!
Postar um comentário