"O antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor."
Carlos Drummond de Andrade
Há nas revistas uma propaganda em circulação que acho que o nosso ex-ministro da saúde ficou um pouco aprisionado naquela falsa percepção do anúnico. O anúncio muito simples diz apenas isso: Sexo é vida.
Não, sexo não é vida. A vida é outra coisa, o sexdo é parte da vida, parte boa ou ruim, depende de como e com quem ele é exercido. Nunca pensei em discordar tanto de Freud quando ele afirma que tudo é sexo. Mas, em defesa dele, nunca concordei tanto com alguém quando ele afirma que "as vezes um charuto é só um charuto".
A vida é muito mais que o sexo, na verdade, sem a vida não há sexo, mas sem sexo existe sim a existência, existe a vida já posta, mas não a vida futura (pelo menos de uma forma natural, a ciência hojhe não precisa mais disso para criar vida).
Agora, pensemos na sexualidade, esse sim é principio da vida, o que é uma sexualidade evoluída pode ser condensada em dois pontos:
Ter prazer e dar prazer - Ainda melhor é quando a pessoa consegue ter prazer dando prazer ao outro. Isso é amor.
O amor enquanto irrealidade, enquanto estado, é tão indefinível quanto a morte, é a própria vida e se manifesta através da sexualidade. Não há um pensamento de um amor verdadeiro, um único amor, mas podemos pensar talvez em um amor melhor, um amor mais puro, mais livre, seria o amor melhor o ter prazer em dar prazer ao outro?
Não se resume a isso. O amor melhor é ter prazer percebendo que o outro está também amando, ou seja, é ter prazer porque o outro tem prazer, embora se for comigo, o amante, seria melhor ainda.
As diversas formas de amar, se pegarmos a teoria, são apenas formas de se relacionar com os objetos de desejo, com os objets de amor. Posso definir como objeto de amor aquilo que nos aprisiona de "n" formas e que me permite ser feliz?
Sim, é isso, amar é estar preso em uma liberdade.
Amar dá trabalho sim, como diz Carpinejar. Mas é sempre estar preso a liberdade de deixar de amar, de deixar de fazer, de encontrar outro objeto de amor. Lacan vai definir que não existe um único objeto que satisfaça plenamente o ser humano. Não há um único objeto amado que me faça completo, pelo contrário, introduzindo a idéia de satisfação parcial, uma pessoa, um trabalho, uma família, um amigo, uma poesia, etc, tudo isso que me apreende e me da a possibilidade de seguir adiante, sem tirar minha liberdade de movimento, são objetos de meu desejo, são amados por mim.
Posso trocar de mulher, de trabalho, de corpo (plásticas e mais plásticas), de casa, de amigos, mas vejam que não o faço porque tudo isso me faz bem.
Amar então em sua melhor forma é sentir-se bem.
Enquanto a paixão é estar algemado a um outro e perder as chaves da algema, amar é saber onde estão as chaves mas simplesmente não precisar usar.
Sentindo-se bem então, como diz o poeta, quanto mais velho, mais amor, mais amante, mais livre, mais estar bem.
Sentindo-se bem então, como diz o poeta, quanto mais velho, mais amor, mais amante, mais livre, mais estar bem.
2 comentários:
Marco, vc é mto bom, na escrita, na expressão, na informação...
Razão comunicativa!
Delicadeza e simplicidade é o que há!
"amar é saber onde estão as chaves mas simplesmente não precisar usar"
Lindo isso!
Abç
Oi Luh... nossa, acho que vou parar de escrever pra poder buscar meu ego... tah em algum lugar nas nuvens... hahaha
Muito obrigado mesmo...
Já que gostou, espero que continue por aqui...
Beijos
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