Estava eu e meu colega de estágio um dia desses no HU, quando ouvimos um grito. Aquele grito simbolizava algo aterrorisador. Tentei sair da enfermaria em vão. Alguém lá dentro precisava do serviço que eu por um acaso oferecia. Mas naquele momento, em que as pessoas mais precisariam de todo meu conhecimento e experiencia (muito pequeno é verdade, mas mesmo assim o conhecimento específico na área da psicologia, era eu o embaixador).
Quanto tempo se preparando para este momento, quanto tempo se preparando para realmente poder fazer alguma. Foram 9 meses de espera até aquele momento. Justamente naquele momento eu não podia fazer pois embora quisesse não desejava ver aquilo tudo outra vez.
Explico melhor.
A diferença entre desejo e querer acho que já discorri sobre isso em outros posts aqui no blog. mas basicamente o desejo é para onde meus pés me levam e a vontade é aquilo que posso de certa forma não fazer.
"Aquilo tudo outra vez", aquele grito de medo, de desespero, de morte. Estava tudo aquilo marcado pela minha história de vida. Alguém aqui já passou pelo momento onde uma pessoa morre e deve ser comunicado aos familiares?
Há um grito de terror, ou um silencio onde o grito se manifestará nas lágrimas. De certa forma tudo aquilo tinha que sair para fora.
O que quero aqui deixar claro hoje, é que as vezes, em situações traumáticas (de acordo com Freud o trauma é um conjunto de acontecimentos que a mente humana não pode elaborar, são acontecimentos repentinos e que trazem consigo como que um carregamento de elementos outros que se unem naquele momento traumatico), só nos resta gritar.
Fiquei ali imóvel ouvindo alguns familiares gritando pela voz, e alguns outros gritando pelas lágrimas que corriam de forma compulsiva.
Ambos sentiam uma dor que não inexprimivel, e se não pode ser exprimível, o que fazia eu lá? O que podia eu com todo o conhecimento teórico fazer ali com aquelas pessoas? Tinha cerca de 8 familiares ali se abraçando e chorando e eu, meu parceiro de estagio e uma outra mulher que trabalhava no HU.
Ser PRESENTE, isso é o que eu deveria fazer. Não ficar oferecendo nada a eles, mas simplesmente estar ali a disposição. Estar encostado na parede como quem participa do momento. Me apresentei para uma mulher que estava ali e pela primeira vez compreendi a diferença de SER PRESENTE e ESTAR PRESENTE.
Naquele momento eu era presente a eles todos eles. Ela começou a conversar comigo sobre outra mulher, e aos poucos começou a chorar, dei um abraço nela, eles já estavam de saída e então me coloquei novamente a disposição.
Estar presente é estar ali simplesmente como ouvinte, como alguém. Ser presente é você estar ali também, mas como pessoa, como sujeito que mesmo sem nada a oferecer se oferece ao outro com amor, como um presente que pode ser util para alguma coisa.
Quanto tempo se preparando para este momento, quanto tempo se preparando para realmente poder fazer alguma. Foram 9 meses de espera até aquele momento. Justamente naquele momento eu não podia fazer pois embora quisesse não desejava ver aquilo tudo outra vez.
Explico melhor.
A diferença entre desejo e querer acho que já discorri sobre isso em outros posts aqui no blog. mas basicamente o desejo é para onde meus pés me levam e a vontade é aquilo que posso de certa forma não fazer.
"Aquilo tudo outra vez", aquele grito de medo, de desespero, de morte. Estava tudo aquilo marcado pela minha história de vida. Alguém aqui já passou pelo momento onde uma pessoa morre e deve ser comunicado aos familiares?
Há um grito de terror, ou um silencio onde o grito se manifestará nas lágrimas. De certa forma tudo aquilo tinha que sair para fora.
O que quero aqui deixar claro hoje, é que as vezes, em situações traumáticas (de acordo com Freud o trauma é um conjunto de acontecimentos que a mente humana não pode elaborar, são acontecimentos repentinos e que trazem consigo como que um carregamento de elementos outros que se unem naquele momento traumatico), só nos resta gritar.
Fiquei ali imóvel ouvindo alguns familiares gritando pela voz, e alguns outros gritando pelas lágrimas que corriam de forma compulsiva.
Ambos sentiam uma dor que não inexprimivel, e se não pode ser exprimível, o que fazia eu lá? O que podia eu com todo o conhecimento teórico fazer ali com aquelas pessoas? Tinha cerca de 8 familiares ali se abraçando e chorando e eu, meu parceiro de estagio e uma outra mulher que trabalhava no HU.
Ser PRESENTE, isso é o que eu deveria fazer. Não ficar oferecendo nada a eles, mas simplesmente estar ali a disposição. Estar encostado na parede como quem participa do momento. Me apresentei para uma mulher que estava ali e pela primeira vez compreendi a diferença de SER PRESENTE e ESTAR PRESENTE.
Naquele momento eu era presente a eles todos eles. Ela começou a conversar comigo sobre outra mulher, e aos poucos começou a chorar, dei um abraço nela, eles já estavam de saída e então me coloquei novamente a disposição.
Estar presente é estar ali simplesmente como ouvinte, como alguém. Ser presente é você estar ali também, mas como pessoa, como sujeito que mesmo sem nada a oferecer se oferece ao outro com amor, como um presente que pode ser util para alguma coisa.
1 comentários:
Oi Marco...momento realmente difícil, eu também trabalho em um hospital e como assistente social já passei por situações semelhantes, é estranho...a gente se acha tecnicamente capacitado e puff!!! quando o fato ocorre, o coração acelera e você nem consegue lembrar o que estudou...aí algo interior surge forte: a solidariedade...estar presente, do lado, apenas uma presença amiga e um olhar empático, tornam-se a melhor intervenção....
Postar um comentário