"A partir de 1920, o trauma passa a ser entendido como conseqüência do rompimento do escudo defensivo pelo excesso de excitações que põem em risco a dominância do princípio de prazer e a estruturação do aparelho psíquico." (Batista, A. Fernanda)
Como de costume, ao post anterior se segue um outro com a explicação.
O que narrei no post anterior foi uma situação onde eu não tinha nenhum referencial para agir. Embora eu tivesse sim toda uma estrutura psíquica organzada e com uma boa base teórica apropriada para vivenciar e atuar sobre aquele acontecimento, por que é que não consegui fazer?
Embora a explicação por si mesma seja realmente simples, a experiencia disso nos levanta muitas questões. Por exemplo, se aquela era minha função, e eu estava prepara para tudo o que aconteceu, quer dizer então que eu fiquei traumatizado?
A resposta é simples. Sim.
No entanto, não quer dizer que aquele momento em si foi traumático, mas foram outros momentos que eu passei na minha vida na qual aquele novo momento me fez relembrar, reviver, re experimentar os outros momentos não elaborados pela minha psiquê.
Explico melhor:
Freud descreve um caso que nos levará a compreender com mais facilidade. O caso katarina (ou o caso da menina da montanha, como queiram) nos traz justamente um aspecto fundamental para a compreensão da definição de Trauma feita por Freud.
A garota havia sido abusada em sua infancia pelo seu pai, porém sem saber o que acontecia, ou seja, sem ter nenhuma representação psíquica outra que desce um sentido sexual para as investidas de seu pai, acabou ficando por isso mesmo.
Ocorre que, algum tempo depois, Catarina flagra seu pai fazendo a mesma coisa com sua prima. Como neste momento do flagra Catarina já estava ciente do que estava acontecendo pois estava já bem mais velha, ela então fica "traumatizada" com o que aconteceu. Segue-se ao trauma da visão de seu pai com a prima alguns sintomas descritos como histéricos.
Podemos dizer então que a situação em si mesmo não tem muito o que "traumatizar", porém a representação simbólica que se liga ao real e que afeta o sujeito acaba por fazendo uma série de sintomas que ao aparecer denominamos de situação traumática.
Perceba bem caro leitor, não é um acontecimento apenas que nos leva ao trauma, mas a significação dos acontecimentos passados. Mais um exemplo: é como se a pessoa tomasse enfim consciencia das grandes besteiras que fez durante sua vida e agora com um diagnóstico de Cancer de pulmao (sem ainda os sintomas do cancer), a pessoa acaba entrando em depressão profunda, não que esta seja uma condição do cancer, mas pelo contrario, é uma condição dela mesma de lidar com tudo aquilo que ela viveu.
Ocorre uma re-significação dos atos desta pesssoa, ocorre que no momento que lhe é dado o diagnóstico de câncer poderia ser falado que o cancer dela é simples, ou que ainda este diagnóstico estava errado pois foi feito outros... enfim. Não importa as palavras ditas, mas o que as palavras afetam nas pessoas. Este afeto da palavra podemos dizer ainda de outra forma, em que representações estas palavras se ligam.
Para mim, aquele momento de perda de alguém me lembrava de minhas histórias de perda. Quando perdi parentes queridos minha vontade era de ficar na companhia dos parentes que me restaram, sem dizer nada, apenas estar na companhia deles. Foi o que aconteceu, no momento em que percebi o choro e tudo aquilo me afetou, voltei para traz e pensei, farei o que eu gostaria que fizessem para mim. Fui presente.
Como de costume, ao post anterior se segue um outro com a explicação.
O que narrei no post anterior foi uma situação onde eu não tinha nenhum referencial para agir. Embora eu tivesse sim toda uma estrutura psíquica organzada e com uma boa base teórica apropriada para vivenciar e atuar sobre aquele acontecimento, por que é que não consegui fazer?
Embora a explicação por si mesma seja realmente simples, a experiencia disso nos levanta muitas questões. Por exemplo, se aquela era minha função, e eu estava prepara para tudo o que aconteceu, quer dizer então que eu fiquei traumatizado?
A resposta é simples. Sim.
No entanto, não quer dizer que aquele momento em si foi traumático, mas foram outros momentos que eu passei na minha vida na qual aquele novo momento me fez relembrar, reviver, re experimentar os outros momentos não elaborados pela minha psiquê.
Explico melhor:
Freud descreve um caso que nos levará a compreender com mais facilidade. O caso katarina (ou o caso da menina da montanha, como queiram) nos traz justamente um aspecto fundamental para a compreensão da definição de Trauma feita por Freud.
A garota havia sido abusada em sua infancia pelo seu pai, porém sem saber o que acontecia, ou seja, sem ter nenhuma representação psíquica outra que desce um sentido sexual para as investidas de seu pai, acabou ficando por isso mesmo.
Ocorre que, algum tempo depois, Catarina flagra seu pai fazendo a mesma coisa com sua prima. Como neste momento do flagra Catarina já estava ciente do que estava acontecendo pois estava já bem mais velha, ela então fica "traumatizada" com o que aconteceu. Segue-se ao trauma da visão de seu pai com a prima alguns sintomas descritos como histéricos.
Podemos dizer então que a situação em si mesmo não tem muito o que "traumatizar", porém a representação simbólica que se liga ao real e que afeta o sujeito acaba por fazendo uma série de sintomas que ao aparecer denominamos de situação traumática.
Perceba bem caro leitor, não é um acontecimento apenas que nos leva ao trauma, mas a significação dos acontecimentos passados. Mais um exemplo: é como se a pessoa tomasse enfim consciencia das grandes besteiras que fez durante sua vida e agora com um diagnóstico de Cancer de pulmao (sem ainda os sintomas do cancer), a pessoa acaba entrando em depressão profunda, não que esta seja uma condição do cancer, mas pelo contrario, é uma condição dela mesma de lidar com tudo aquilo que ela viveu.
Ocorre uma re-significação dos atos desta pesssoa, ocorre que no momento que lhe é dado o diagnóstico de câncer poderia ser falado que o cancer dela é simples, ou que ainda este diagnóstico estava errado pois foi feito outros... enfim. Não importa as palavras ditas, mas o que as palavras afetam nas pessoas. Este afeto da palavra podemos dizer ainda de outra forma, em que representações estas palavras se ligam.
Para mim, aquele momento de perda de alguém me lembrava de minhas histórias de perda. Quando perdi parentes queridos minha vontade era de ficar na companhia dos parentes que me restaram, sem dizer nada, apenas estar na companhia deles. Foi o que aconteceu, no momento em que percebi o choro e tudo aquilo me afetou, voltei para traz e pensei, farei o que eu gostaria que fizessem para mim. Fui presente.
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