Real X Imaginário - 2

quarta-feira, 11 de maio de 2011 0 comentários

Real X Imaginário, está aí uma dupla que se organiza de tal forma que se tentarmos rever em nossa história, em nossas memórias, a diferença entre o que passou e o que foi criação psíquica, acabamos perdendo de vista a magia dos processos psíquicos.


De certa forma há um embricamento entre a realidade objetiva e a subjetiva. Por exemplo, o que aconteceu em determinda situação X e o que eu senti daquela situação, ambas são uma realidade, uma única realidade construída como ação (acontecimento) e reação (sentimentos) e uma outra realidade contruída imaginariamente, psíquicamente como fruto deste "arco-reflexo".

O problema é que há um cruzamento em que o que imagino da situação as vezes é um fator desencadeante de sensações (respostas) muito maior do que a realidade de fato. Neste jogo psíquico, podemos de certa forma, lembrar-mos de um acontecimento e sentir novamente as sensações mesmo tendo passado muito tempo depois do ocorrido.

Freud em seu texto "o inconsciente" irá descrever sobre uma caractérística do inconsciente humano exatamente pontuando que para o insconsciente não existe um antes e nem depois, não existe distância e muito menos oposição de idéias como existe na consciência humana. Bom, o texto sobre o inconsciente freudiano traz uma explicação muito interessante que podemos pegar como base para este processo de diferenciação entre realidade e imaginação.

Enquanto trabalhamos com o inconsciente não há uma diferença entre a realidade objetiva dos fatos e o que foi construído subjetivamente. Pelo contrário, tanto uma como a outra são de certa forma a mesma coisa, são representadas inconscientemente como reais. Isso faz toda diferença na compreensão das diferenças entre realidade e imaginação.

Imaginação só pode ser considerada como tal a partir do momento em que há um dado de realidade que organize este "imaginário", como por exemplo, imagino uma relação com alguém mas que na realidade sei que ela não existe. Conscientemente sei que um conto de fadas onde "viveram felizes para sempre" não é possível, sei que haverá discussões, desencontros, mal-estares, mas que talvez de certo, mesmo que não seja sempre bom, pode sim ser, de alguma forma, feliz para sempre.

O dado de real desta imaginação é a busca de um desejo infantil (feliz para sempre) se dá a partir do momento em que exista alguém para que eu me relacione, este alguém é a parte real, a relação que se contrói a partir daí será imaginada, esperada, sentida, mas nem sempre será, e também não precisa ser sempre, real. 

Perceba que até mesmo o dado real é na verdade composto pelo imaginário, porém é o desejo da busca que podemos chamar de real. Só poderemos também chamar de real se ele se realiza de fato, por exemplo o desejo de buscar só pode ser um dado real se a pessoa realmente busca, mesmo que nunca encontre, de alguma forma fica continuamente buscando. Podemos pensar então que se formos fazer uma "limpeza" de conceitos o que seria real seria do plano do corpo, seria o movimento, mesmo porque até mesmo as sensações perceptivas, como nos casos de panico e ansiedade generalizada, podem ser imaginadas e não um dado real que pode ser mensurado objetivamente. 

Em uma análise mais aprofundada temos então uma mesma coisa. A realidade e a fantasia, a imaginação estão inconscientemente ligadas de tal forma que não há uma separação, pelo contrário, não importa se o que você lembra é de fato o que aconteceu, o que acontece é que o que é lembrado (mesmo que imaginado e não real) faz de alguma forma deiferença em sua forma de compreender o fato. Mesmo que outras pessoas digam que não foi assim ou assado, o que é sentido continua sendo o mesmo, continua sendo aquilo que foi sentido (mesmo que imaginariamente ligado) naquele momento. 

Aí temos então o segredo de trabalhar com os sentimentos seja no presente ou através da fala do passado, ambos referem-se a um mesmo sentimento que é desencadeado por fatos distintos, mas que inconscientemente representam a mesma coisa, estão ligados a uma mesma memória seja esta memória real ou imaginada, ela é na verdade a mesma e única coisa, apenas aparece em momentos distintos, com fatos distintos.

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