Tocar o vazio é sentir os pés descalsos sem nennhum chão para se apoiarem. É como tocar em Deus.
O sentimento de vazio que temos em nós, muitas vezes aparente e que de certa forma logo logo se expira quando encontramos outros afazeres, é o que nos permite justamente buscar outros afazeres, buscar um sentido, contruir um rumo para nossa vida.
Tocar com os pés o vazio é de arrepiar, é como se houvesse algo ali, mas sem compreender o que é, sem a possibilidade de sentir outra coisa que não a ausencia de chão, de terra, de piso e mesmo assim não cair. É vertiginoso, é assustador.
Como aqueles poços que se encontram com o vazio e enfim percebem o que são e através disso constróem para o que desejam servir, para o que desejam existir, assim pode ser o vazio em nossas vidas.
Como vazio, digo aquilo que não tem sentido, que não pode ser sentido simplesmente porque não conhecemos a forma, não vemos, não sonhamos, não conseguimos imaginar. Podemos citar como exemplos a morte, ou a própria vida.
O resultado deste toque é muitas vezes o desamparo profundo, a angústia de ver-se nada, de ver-se impotente e incapaz, de perceber-se humano, finito, passageiro. É exatamente aqui que podemos dar um primeiro passo a nossa existência e existirmos como sujeito, como alguém e não como simples pessoas, simples seguidores e realizadores dos desejos dos outros.
Tocar o vazio é experimentar a angústia do nada e do nada tirar a vida, a capacidade da diferença, a capacidade humana de enfim existir.
Se você vive este momento de dor, medo, desespero, tenha calma, logo logo você descobrirá que a vida vale a pena pelo que nóa fazemos dela, e não pelo que ela realemente é.
E o que é a vida?
A vida é este nada que se segue após um nada anterior, é o cotidiano que só pode ser atravessado pela capacidade humana de fazer com o nada alguma coisa.
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